Por Ivoney Borges
As Cadernetas de Poupança foram criadas no ano de 1861, com decreto do Imperador Dom Pedro II que instituiu e regulou a Caixa Econômica Federal.
Seu objetivo inicial era remunerar depósitos com juros de 6% ao ano, sendo destinada a pessoas de baixa renda e com depósitos limitados a 50 mil réis, moeda da época.
Em 2012, a legislação brasileira determinou que os depósitos realizados em Conta Poupança até 03 de maio daquele ano continuariam com remuneração de 0,5% ao mês acrescido da Taxa Referencial (TR), enquanto os novos depósitos passariam a ser remunerados de forma variável, atrelado à taxa Selic, porém não excedendo os 0,5% ao mês + TR.
Quanto à viabilidade dessa aplicação, antes de responder a essa pergunta deve-se considerar qual seu conhecimento sobre investimentos. Isso porque, no Brasil, a educação financeira, infelizmente, não é abordada como deveria para a grande maioria da população.
Panorama da Educação Financeira no Mundo
Uma pesquisa realizada em 2016 nos países do G20, além de Holanda e Noruega, a pedido da OCDE, com 101.596 adultos entre 18 e 79 anos, mostra que apenas França, Canadá, China e Noruega obtiveram 67% de aprovação em questões relacionadas ao conhecimento, ao comportamento e às atitudes financeiras. Neste estudo o nível de educação financeira alcançado pelo Brasil foi de 57%.
A pesquisa mostra também que muitas pessoas não possuem conhecimento financeiro básico, visto que apenas 48% dos adultos entrevistados foi capaz de responder pelo menos 70% das questões de forma correta.
Acesso à informação
No Brasil, o Ministério da Educação determinou que a Educação Financeira deveria ser inserida no currículo da educação infantil e fundamental a partir de 2020.
Mas para aqueles que não tiveram acesso à esse conteúdo na infância e ambiente escolar e desejavam compreender melhor sobre o mercado financeiro e suas particularidades, a saída é trilhar um caminho para a busca por conta própria deste conhecimento necessário.
É fato que com o advento da internet e com a facilidade que ela proporciona na troca de informações, pode-se encontrar uma infinidade de artigos, vídeos e até mesmo cursos sobre educação financeira.
Porém, o que nos auxilia pode também ser uma armadilha, visto que ter acesso a uma grande quantidade de conteúdo, sem ter um direcionamento e um planejamento eficaz pode comprometer seu processo de aprendizagem e a correta gestão do dinheiro.
Perfil financeiro do brasileiro
A Conta Poupança ainda é a escolha da maior parte dos brasileiros que buscam algum tipo de aplicação para suas reservas financeiras, sendo esta escolha relacionada diretamente à uma cultura que perpassa gerações.
Em pesquisa feita pela Anbima, em novembro de 2018, foi constatado que 88% dos brasileiros destina suas reservas para a Poupança, mas desconhecem seu real funcionamento.
Muitos esquecem-se de que é necessário aguardar o aniversário de 30 dias a partir da data de aplicação para que haja remuneração no período, ou seja, sendo o recurso sacado antes dessa data o investidor perderá todo o rendimento.
Outro fator que geralmente é deixado de lado é a inflação. Por exemplo, imagine que você aplicou R$ 1.000,00 na Conta Poupança em janeiro de 2017. Ao final de 3 anos o capital acumulado nesta conta seria de R$ 1.162,92.
*Fonte: Site do Banco Central do Brasil, Calculadora do Cidadão.
A partir destes dados, você pode afirmar que o seu poder de compra é o mesmo de 3 anos atrás?
Se considerarmos o índice de inflação, que foi aproximadamente de 11,64% durante este período, pode-se notar que mais de 70% do rendimento obtido foi comprometido com a deterioração do poder de compra, restando assim um ganho líquido próximo de R$ 46,00 sobre o montante inicial.
Benefícios da Conta Poupança
Por se tratar de um modelo de aplicação destinado, principalmente, à população de baixa renda, a Conta Poupança oferece alguns benefícios àqueles que buscam segurança e comodidade para sua reserva financeira.
Destacamos abaixo alguns desses benefícios:
• Valor para aplicação inicial: A aplicação inicial varia de acordo com os bancos, mas há casos, como na Caixa Econômica Federal, onde não é estipulado valor mínimo para abertura da conta.
• Liquidez: O valor depositado pode ser resgatado a qualquer momento. Isto pode ser uma grande vantagem em caso de imprevistos, porém há de se considerar o não recebimento dos rendimentos caso não seja respeitada a data de aniversário da aplicação.
• Isenção de taxas e impostos: Sobre o valor dos rendimentos auferidos não há cobrança de Imposto de Renda. Também não são cobradas taxas administrativas como as que são praticadas em outras modalidades de investimento.
• Segurança: Os valores investidos possuem garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que restitui até o valor de R$ 250 mil em caso de liquidação ou falência do banco. Vale ressaltar que o FGC também oferece essa garantia para aplicações em CDB, Tesouro Direto e Letras de Câmbio.
Conclusão
Como pode perceber, apesar da Conta Poupança oferecer grande comodidade e representar uma opção de fácil acesso ao pequeno poupador, os ganhos obtidos são limitados e podem ser facilmente comprometidos em períodos com índice de inflação elevado.
Por este motivo, caso o investidor deseje obter rendimentos mais satisfatórios para seu dinheiro, recomenda-se um estudo mais aprofundado sobre o Mercado Financeiro e os produtos que este oferece.
Existem opções, nas quais é possível encontrar rendimentos superiores ao da Conta Poupança e com níveis de segurança igualmente eficazes.
Finalizo este artigo com a frase de Warren Buffet, investidor e filantropo americano, que cita duas regras importantes para quem quer cuidar melhor do seu capital.
“Regra número 1: Nunca perca dinheiro. Regra número 2: Nunca se esqueça da regra número 1.”
Abraços e até breve.
Ivoney Borges é formado em Administração com MBA em Gestão e Finanças Empresariais pela UFU. Atua como Trader e Consultor no Mercado Financeiro. E-mail para contato: ivoneydb@hotmail.com.